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Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso que recusa o imobilismo. A escola em que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se fala, em que se ama, se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim à vida. (Paulo Freire, 1993)

quarta-feira, maio 25, 2011

Sobre Pensamentos- Camila Rodrigues 2° período

      Fiquei pensando em pensamentos. Como podem ser tão diferentes, dinâmicos. Coisa doida pensar nisso. Pensar em pensamentos. Mas eu pensei. Eu pensei principalmente em como existem pessoas com preguiça de pensar, mais pensar de verdade, pensar  com   uma chance de ação após o pensamento. Pensar em um pensamento que dê frutos.
     O cotidiano nos envolve, protege e apavora. A rotina é horripilante, porém ficar sem ela também dá calafrio. Imagine uma manhã sem o rotineiro sol, sem o rotineiro café da manhã e sem o rotineiro beijo de tchau a quem vai trabalhar. Uma manhã sem dia. O véu do dia-a-dia encobre as práticas constantes. A rotina é o hábito e  que bom que ela existe. Será também aconchegante rotinizar o pensamento?
     O racionamento do pensamento passa pela racionalização. Pra quê pensar, pra quê fazer e sendo assim, então pra quê viver? Será que apenas existir é o suficiente?
     Dar, receber, emprestar. Se lhe dou um pensamento, será que ele ainda será meu? Se receber um pensamento, será que é  somente seu? E então se o compartilha é de ambos ou de todos?
     A vida é mesmo doida amor. Como diria o poeta se ‘’a vida vem em ondas’’, porque não aproveitar? Mais o mar apavora, assim como a rotina e assim como os pensamentos insistentes. Recorre então ao divã da consciência,  mas onde ele fica?
Chega de dúvidas! O importante  mesmo é conviver, conseguir, convencer  e controlar. O pensamento domina. Te domina, nos domina. Ele te devora, mas pensando um pouco ‘’te devoraria a qualquer preço, porque te ignoro, te conheço, quando chove ou quando faz frio’’.
     Frutas bonitas, frutos duráveis. Frutas doces e frutos felizes. O fruto sucede a flor. A flor do pensamento. Que desabrocha lindamente no interior de cada árvore, estas  com o nome variado , pode ser: Gabriel, Daniel, Ezequiel e tantos outros. A nomeação da árvore lhe dá poder, lhe dá individualidade, lhe dá razão de ser o que é.
    Ao fim, fiquei pensando: o cotidiano envolve mesmo racionalizado, mas a onda o leva, e mesmo desse jeito, o fruto do pensamento sai da flor que compõe a árvore escrita dentro de cada um de nós.

Camila Rodrigues
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sexta-feira, maio 13, 2011

13 de Maio

Depois de muitos anos de assinatura da Lei Áurea temos que refletir seriamente os efeitos dessa “libertação” para os escravos e, conseqüentemente, para seus descendentes. Apesar da abolição da escravatura, os negros ainda sofrem certo preconceito. Hoje temos um ministro; vários negros venceram na vida após muitas dificuldades, mas ainda é muito pouco dentro do ideário de liberdade de 120 anos atrás.A situação da maioria da população afrodescendente continua permeada pelas dificuldades de acesso à educação, moradia, emprego e saúde.
Ingrid Bernardo

A Abolição aboliu?sim ou não?

“... como foram as políticas estatais que, após a abolição, inviabilizaram toda forma de reparação oficial pelos quase 400 anos de escravidão, jogando milhões de pessoas das senzalas para as ruas, da escravidão para o desemprego ou para as garras de patrões que nunca deixaram de tratá-las como seus "negrinhos" e suas "negrinhas".’’
Por Wilson da Silva    Coordenador executivo do Núcleo de Consciência Negra na USP

“Os negros libertos - quase 800 mil-- foram jogados na mais temível miséria. O Brasil imperial -- e, logo a seguir, o jovem Brasil republicano - negou-lhes a posse de qualquer pedaço de terra para viver ou cultivar, de escolas, de assistência social, de hospitais. Deu-lhes, só e sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte dos libertos, ergueram os chamados bairros africanos, origem das favelas modernas. Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio social menos hostil, mesmo que ainda miserável.” 
História do Brasil - Luiz Koshiba - Editora Atual

''A assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888 foi um ato que aboliu formalmente a escravidão no Brasil, mas que não apresentou nenhum projeto nacional de inserção de negro na sociedade. O negro continuou na periferia, na franja, nas encostas. Em uma situação ainda de muita subalternidade. Não é a toa que a escravidão existe até hoje''
Olívia Santana, Vereadora de Salvador (PCdoB)

O Brasil é um país Racista?

“O que existe por aqui é muito racismo camuflado e que todo mundo faz questão de não enxergar. Os alvos, mesmo que inconscientemente sempre são os mesmos.”
Ilídio Teixeira

“ Pois é! Eu confirmo pra você ter certeza do que eu disse: não existe preconceito racial. O que existe, na verdade, é preconceito social. “
  Mateus Berteges 

''Eu respondo sim, somos um país racista, se por racismo entendermos a disseminação no nosso cotidiano de práticas de discriminação e de atitudes preconceituosas que atingem prioritariamente os pardos, os mestiços e os pretos. Práticas que diminuem as oportunidades dos negros de competir em condições de igualdade com pessoas mais claras em quase todos os âmbitos da vida social que resultam em poder ou riqueza.
Do mesmo modo, até recentemente era difícil achar uma face negra na TV brasileira, em comerciais ou em programas de entretenimento ou informação. Casos de violência policial contra negros eram comuns, como o era a detenção de negros por suspeição ou a proibição de usarem o elevador social em edifícios residenciais.
A presença de negros nas universidades, como professores ou alunos, continua muito abaixo da proporção de negros em nossa população.''
ANTONIO SÉRGIO ALFREDO GUIMARÃES, 57, Ph.D em sociologia pela Universidade de Wisconsin-Madison, é professor titular do Departamento de Sociologia da USP

  E VOCÊ?
VOCÊ  ACREDITA REALMENTE QUE A ABOLIÇÃO ABOLIU O PRECONCEITO?


quarta-feira, maio 04, 2011

Ciencias Sociais também tem sua vez!

       Olá turmas de Ciências Sociais, esse é o nosso espaço de diálogo, debate e informação.
      Convidamos para participar diretamente do Blog , enviando seus textos, idéias e críticas sobre qualquer assunto. E não esqueça de comentar e divulgar, para que possamos criar debates e aumentar nossos contatos.
      Sua participação é fundamental, este blog é seu!

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segunda-feira, maio 02, 2011

BÊNÇÃOS DO TRABALHO

O texto a seguir, retrata a realidade do trabalhador do sec XVIII, e  como o trabalho passou a ser  visto, como forma de progresso social e econômico.OTexto foi retirado do livro ''O Direito à Preguica'' de Paul Lafargue,  genro de Karl Marx.



BÊNÇÃOS DO TRABALHO


Em 1770 apareceu em Londres um escrito anônimo intitulado: Essay on Trade and Commerce . Fez na época um certo barulho. O seu autor, grande filantropo, indignava-se pelo fato de a plebe manufatureira da Inglaterra ter metido na cabeça a idéia fixa de que na qualidade de Ingleses todos os indivíduos que a compunham terem, por direito de nascimento, o privilégio de serem mais livres e mais independentes do que os operários de qualquer outro país da Europa. Esta idéia pode ter a sua utilidade para os soldados cuja bravura estimula, mas quanto menos os operários das manufaturas dela estiverem imbuídos, tanto melhor para eles próprios e para o Estado. Os operários nunca deveriam considerar-se independentes dos seus superiores. É extremamente perigoso encorajar semelhantes manias num Estado comercial como o nosso, onde talvez sete oitavos da população tenham pouca ou nenhuma propriedade. “A cura não será completa enquanto os nossos pobres da indústria não se resignarem a trabalhar seis dias pela mesma soma que eles ganham agora em quatro”.
Assim, cerca de um século antes de Guizot, pregava-se abertamente em Londres o trabalho como um travão às nobres paixões do homem.
“Quanto mais os meus povos trabalharem, menos vícios existirão, escrevia Napoleão de Osterode no dia 5 de Maio de 1807. Eu sou a autoridade [...] e estaria disposto a ordenar que ao domingo, passada a hora dos ofícios divinos, as lojas estivessem abertas e os operários fossem para o seu trabalho.”
Para extirpar a preguiça e curvar os sentimentos de orgulho e de independência que esta gera, o autor de Essay on Trade propunha encarcerar os pobres nas casas ideais do trabalho (ideal workhouses) que se tornariam “casas de terror onde se fariam trabalhar 14 horas por dia, de tal maneira que, subtraído o tempo das refeições, ficariam 12 horas de trabalho completas”.
Doze horas de trabalho por dia, eis o ideal dos filantropos e moralistas do século XVIII. [...]
E dizer que os filhos dos heróis do Terror se deixaram degradar pela religião do trabalho ao ponto de aceitarem depois de 1848, como uma conquista revolucionária, a lei que limitava o trabalho nas fábricas a doze horas; proclamavam, como um princípio revolucionário, o direito ao trabalho. Que vergonha para o proletariado francês! Só escravos teriam sido capazes de uma tal baixeza. Seriam necessários vinte anos de civilização capitalista a um grego dos tempos heróicos para conceber um tal aviltamento.
E se as dores do trabalho forçado, se as torturas da fome se abateram sobre o proletariado, mais numerosas do que os gafanhotos da Bíblia, foi ele que as chamou.
Este trabalho, que em Junho de 1848 os operários reclamavam de armas na mão, impuseram-no eles às suas famílias; entregaram, aos barões da indústria, as suas mulheres e os seus filhos. Com as suas próprias mãos, demoliram o lar, com as suas próprias mãos, secaram o leite das suas mulheres; as infelizes, grávidas e amamentando os seus bebês, tiveram de ir para as minas e para as manufaturas esticar a espinha e esgotar os nervos; com as suas próprias mãos, quebraram a vida e vigor dos seus filhos. – Que vergonha para os proletários! Onde é que estão essas bisbilhoteiras de que falam as nossas trovas e contos antigos, ousadas nas afirmações, francas de boca, amantes da divina garrafa? Onde estão essas mulheres prazenteiras, sempre apressadas, sempre a cozinhar, sempre a cantar, sempre a semear a vida gerando a alegria, dando à luz sem dores filhos sãos e vigorosos?... Temos hoje as raparigas e as mulheres da fábrica, insignificantes flores de pálidas cores, com um sangue sem rutilância, com o estômago deteriorado, com os membros sem energia!... Nunca conheceram o prazer robusto e não seriam capazes de contar atrevidamente como quebraram a sua concha! E as crianças? Doze horas de trabalho para as crianças.
A nossa época é, dizem, o século do trabalho; de fato, é o século da dor, da miséria e da corrupção.[...]
Em Mulhouse, em Dornach, o trabalho começava às cinco horas da manhã e acabava às cinco horas da tarde tanto no Verão como no Inverno [...].Há entre eles uma multidão de mulheres pálidas, magras, caminhando de pés descalços por cima da lama e que, à falta de guarda-chuva, trazem, atirados sobre a cabeça, quando chove ou neva, os aventais e as saias de cima para protegerem o rosto e o pescoço, e um número mais considerável de crianças pequenas não menos sujas, não menos pálidas e macilentas, cobertas de farrapos, todas engorduradas do óleo dos teares que lhes cai em cima enquanto trabalham. Estas últimas, melhor preservadas da chuva pela impermeabilidade das suas roupas, nem sequer têm no braço, como as mulheres de que acabamos de falar, um cesto onde estão as provisões do dia; mas trazem na mão, ou escondem debaixo do seu casaco ou como podem, o bocado de pão que os deve alimentar até à hora do seu regresso a casa.
Assim, à fadiga de um dia de trabalho excessivamente longo, visto que tem pelo menos quinze horas, vem juntar-se para estes desgraçados a das idas e vindas tão freqüentes, tão penosas. Daqui resulta que à noite chegam a suas casas oprimidos pela necessidade de dormir e que no dia seguinte saem antes de terem repousado completamente para se encontrarem na oficina à hora da abertura.”
[...]

E os economistas continuam a repetir aos operários: Trabalhem para aumentar a fortuna social! E, no entanto, um economista, Destutt de Tracy, responde-lhes: nas nações pobres que o povo está à sua vontade; é nas nações ricas que de um modo geral ele é pobre.”
E o seu discípulo Cherbuliez continua:
”Os próprios trabalhadores, ao cooperarem na acumulação dos capitais produtivos, contribuem para o acontecimento que, mais tarde ou mais cedo, os deve privar de uma parte do seu salário.”
Mas, ensurdecidos e tornados idiotas pelos seus próprios berros, os economistas continuam a responder: Trabalhem, trabalhem sempre para criarem o vosso bem-estar! E, em nome da bondade cristã, um padre da Igreja Anglicana, o reverendo Townshend, prega: “Trabalhem, trabalhem noite e dia! Ao trabalharem, fazem crescer a vossa miséria e a vossa miséria dispensa-nos de vos impor o trabalho pela força da lei. A imposição legal do trabalho exige demasiado esforço, demasiada violência e faz demasiado estardalhaço; a fome, pelo contrário, não só é uma pressão calma, silenciosa, incessante, como também o móbil mais natural do trabalho e da indústria, ela provoca também os mais poderosos esforços.”
Trabalhem, trabalhem, proletários, para aumentar a fortuna social e as vossas misérias individuais, trabalhem, trabalhem, para que, tornando-vos mais pobres, tenham mais razão para trabalhar e para serem miseráveis. Eis a lei inexorável da produção capitalista.
Porque, ao prestarem atenção às insidiosas palavras dos economistas, os proletários se entregaram de corpo e alma ao vício do trabalho, precipitam toda a sociedade numa destas crises de superprodução que convulsionam o organismo social.[...]

Lafargue, Paul. O direito à preguiça. 2ªed. São Paulo: Hucitec, 2000.